terça-feira, 5 de novembro de 2019

3- ETAPAS EM PORTUGAL


A ATITUDE ADEQUADA


No momento de iniciar o Caminho, não tendo este uma finalidade nem turística, nem histórica nem desportiva, senão de autoencontro, o peregrino autêntico tem que ter claro que é o que está buscando e de que modo busca-o.

Se o que quer são os benefícios que a religião promete, não tem mais que seguir as indicações da igreja na que acredita, que são bem específicos.

Agora bem, se o que o caminhante, crente ou não crente, tenta alcançar é autoconhecimento, transformação das suas carências e condicionantes em poderes pessoais para o seu auto-domínio e, por fim, integração plena com o próprio ser -a que resulta de atingir o anterior-, então é necessário adoptar a atitude adequada para facilitar que seja o ser interno quem guia a caminhada, e não o ego ou os muitos egos.

HÁ UMA ATITUDE QUE CONVÉM AO CAMINHANTE: ALTERNAR ENTRE CONCENTRAÇÃO ACTIVA (NOS MOMENTOS DO CAMINHO EM QUE SENTE A SUA SENSIBILIDADE 
EM ASCENSO), COM O FLUIR E CONTEMPLAR NA MAIOR PAZ, SEMPRE QUE FOR POSSÍVEL.

IOGA DO CAMINHAR, CAMINHO EVOLUTIVO E CONSCIENTE EM MEDITAÇ
ÃO DINÂMICA: QUE O EXTERIOR SIRVA DE ESPELHO AO INTERIOR.



DIFERENCIAR AO EGO, QUE SÓ ESTÁ NO PASSADO E NO FUTURO, DO EU, QUE SÓ FOCA-SE NO PRESENTE.

INTERIORIZAR, DESATENDENDO A TAGARELICE DA MENTE,APRENDER A ESCUTAR O CORAÇÃO EM SILÊNCIO E NÃO DEIXAR DE REALIZAR AS SUAS SUGESTIÕES.

DESFRUTAR DA PRÓPRIA SOLIDÃO SEM ISOLAR-SE DOS DEMAIS. ATENÇÃO A QUEM VOCÊ RECONHECER COMO ESPELHOS SEUS.

UM RELAX GUERREIRO. SÓ SER COM ESTE MOMENTO, SER COM ESTE AMBIÊNTE, SEM DAR IMPORTÂNCIA AO QUE NÃO RESSOA COMPLETAMENTE COMIGO, AQUI E AGORA, INTENSO, RESPIRADO, E NÃO ONTEM NEM MANHÃ, ENQUANTO ATENDO À VIDA QUE ESTOU A VIVER.


INÍCIO EM LISBOA
1ª Etapa do Caminho: 
Percorrendo o Mundo de Ilusão.



Etapa 1- Lisboa. Castelo de São Jorge- Mirador de Sta Luzia- Porta da Igreja de Santiago-sair da cidade- chegar a Alpriate.

4- A Potencialidade :

Percebo que as mesmas forças podem tanto elevar-me como degradar-me, dependendo do grau de consciência ou inconsciência e do ânimo com que as vou usando.

Proponho-me, desde já, começar a germinar, desenvolver, conhecer e realizar de uma forma positiva os potenciais mais elevados do meu ser.  

Aceito a aventura e os desafios de crescer muito além daquilo que anteriormente conhecia.
Sei que o meu modo de me realizar determinará a qualidade construtiva ou destrutiva das forças e das vias que escolhi.

Lanço-me ao caminho.
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Etapa 2 –Alpriate -Vilafranca de Xira.

 5- Aprendiz de Co-criador:

Eu sei que sou mais um filho da Vida, uma unidade criativa dentro do seu misterioso impulso criador, que também criou e mantém todos os meus irmãos e todos os seres.

Pouco mais sei de mim, salvo que disponho, por um breve tempo, de uma forma  feita de pó de estrelas que serve para agir sobre este plano.
Sei que a boa realização de um órgão assegura a realização de cada uma das suas células e vice-versa. 

Portanto, aqui e agora, entrego-me com gosto a servir criativamente o viver da Vida. 


6- O BUSCADOR.
 Ao andar é que se faz o caminho.

O impulso de sair do já conhecido, ainda sem saber o que se busca, é o mais nobre e corajoso impulso humano.

Migrar pela aventura, ou por conhecer, ou pela esperança de melhorar, é o início de toda a evolução.  Adiante! O meu mundo é tudo quanto eu posso conceber com a minha mente.

Nenhuma barreira, crítica ou censura intimida um bom buscador, antes o atrai. Nada do que é humano me é alheio.

Todo o conceito que encontro ao qual sou capaz de adaptar-me e que assimilo ao meu conhecimento, me pertence.

Porém, eu já sei que apenas uma mochila de conhecimento bem selecionado posso levar comigo.


7-A Dispersão: Potencial Distraído.

Sombra da Estação Maior O BUSCADOR.

Priorizo um rumo e uma dedicação e concentro-me neles com o máximo de elevação e de profundidade.

Aprendi que qualquer caminho escolhido pelo meu coração me levará ao autoconhecimento, se ele for constante.

Sei que distrair-me e dispersar-me é perder o meu precioso tempo de manifestação e função evolutiva entre as vaidades que me rodeiam.

Tenho o cuidado de não me deixar entreter ou fascinar pelas  manipulações externas, muito influintes neste plano.

Ótimo desaprender o que aprendi sem consciência, e reaprende-lo com ela.



 Etapa 3- Vilafranca de Xira -Azambuja

8- A Ilusão:

A mentalidade coletiva à minha volta está dominada, manipulada e distraída pelos poderes, quer visíveis, quer ocultos, que conseguiram a hegemonia cultural e que estabelecem e doutrinam como normalidade social o relato que melhor convém aos seus interesses.

Há muito tempo que todas as suas banalidades não me servem para construir o sentido da minha vida.
Não me deixo tentar nem seduzir. Não idolatro os ídolos, do passado ou do presente, que sei que a minha própria espécie fabricou. Desconfío de etiquetes que foram colocadas para fingir respetabilidade.

Sei que seguir formas e aspirar a objetivos criados por outros, ou adorar os ídolos que eu mesmo invento, significa desviar da minha vida a minhs energia criativa.

Etapa 4- Azambuja -Santarém. 

9- A Aventura:

"Navegar é preciso".      Fernando Pessoa F.P.

Um grande viajante contou-me que, para chegar à Terra da Sabedoria, primeiro terei que esgotar todas as minhas fantasias.

Dentro deste mundo de sonhos, os sonhos são para tentar os cumprir até ao despertar. Renunciar a tentá-lo inventando justificações, apenas conduz a uma frustração prenhada de cobardias e pesadelos.

Ouse lançar-se à aventura, tal como os velhos marinheiros ibéricos. O seu próprio valor e a sua inteligência encontrarão a maneira de o tornar sábio nela – tanto nos sucessos como nos fracassos.

 Ainda assim, você pode ter a certeza  de que não há nada demasiado importante a perder neste mundo, aparte da autoconsciencia. 





10- AS ESTRATÉGIAS:

"Compreender um ao outro é um jogo complicado. Pois quem engana não sabe se não estava enganado."        F.P.poeta luso.

Cambaleantes castelos de intrigas e embustes urdem, desde muito antes de eu ser nascido neste plano, uma trama de interesses e distrações que tentam substituir a expressão real do meu ser, que é o ser essencial de toda a Humanidade.

Não se deixe apanhar por armadilhas, nunca se desvie do caminho que o seu coração pede. Fique indiferente perante a inveja e as críticas que provocam a sua expressão, a sua ação, o seu avanço e os seus sucessos.

Você é o roteirista do papel que representa no teatro da vida coletiva. Tente construir o mais original roteiro e a melhor personagem que você consiga imaginar, quer escolha ser herói ou vilão.

Boa função, companheiros!






  11 – A Ansiedade:
Angustiosa e caótica fuga do presente.

Concentro-me naquilo com o qual escolhi ocupar-me, no meu aqui e agora, com perfeição e sem pressas, porque o aqui e o agora são a minha única realidade.

O passado e o futuro não existem, eles são apenas os campos mentais onde crescem os espinhos dos remorsos ou o estresse das preocupações.

Estabeleço o reino da serenidade, uma concentração relaxada, na realidade do meu presente. Não me deixarei sugar pelos ladrões de energia.






Etapa 5-Santarém-Golegã.

12 – Prepotência:

Quando acho que já sei, é porque a ignorância se apoderou de mim.

O meu ser essencial é dono de todas as potências do universo, mas ele é o mesmo ser essencial que anima todos os seres vivos.

Quem se considera superior aos outros padece da mais nociva das loucuras. Somos pura aprendizagem.

Ocupo-me com o melhorar-me a mim próprio e à minha vida. Vivo e deixo viver. O mundo não necessita que eu o salve.
                                                                          


Etapa 6- Golegã-Tomar. Estudando a historia dos Templários e a tentativa da primeira globalização dirigida desde o segredo, fico surpreendido pela forma como as raizes daquele tronco cortado, convertdas em distopía, atravessaram os séculos sob diversos nomes, até 1984, até hoje.

13- A Desorientação:


É evidente que as nossas mentalidades acham-se perdidas na ilusão, submersas numa cultura de memórias históricas e de informações sobre a atualidade censuradas e manipuladas.

Acalme-se, faça o que tem que fazer  a partir do seu centro e não a partir da periferia, onde a agitação dos egos sempre pretende nos colocar.

 Não se deixe enrolar pelos manipuladores que maquinam como nos dividir e confundir, para pescar em rio revolto. Volte a si próprio. Procure informação livre. Aliados e descobrimentos surgirão.

No momento da maior confusão relaxo-me e lembro-me de que o meu lar é o profundo do meu coração. Só a partir da sua tranquilidade decido o meu caminho.

Discrição táctica não é o mesmo que aceitar mordaças.


14- ATENÇÃO! Energia involutiva à espreita.

Não deixar de vigiar, limpar, reforçar-me; lutar pelos meus direitos, fazer o que devo. A minha liberdade não virá de fora.

Quanto mais alienadas e fantasiosas forem as minhas ilusões, tanto mais dura pode ser a minha queda. De entre a maioria de adormecidos, preciso despertar.

Tal como se renascesse após uma morte, liberto-me em cada manhã do peso de todos esses sonhos, desejos, influências e identificações que pouco ou nada têm a ver com a minha autenticidade.

ATENÇÃO PLENA! Pensamento Águia. Espada que corta toda negatividade. Sei que esta é a única maneira de poder voar nas alturas do ser.

Não existe realmente o meu ser individual, o meu ser é apenas a pele de uma gota na superfície do Oceano Universal do Ser.

2ª Etapa: INICIAÇÃO Acordando.



15- Automatismo.

"Tudo quanto penso, tudo quanto sou, é um deserto imenso onde nem eu estuou."     F.P.

Mantenho a higiene de sair das rotinas que sei que me degradam, assim como de qualquer das opções de distração que me oferta o pensamento-massa.

O ego é o nosso piloto automático. Ele é útil e confortável, mas quadrado – só serve para voar colado à terra e  olhando para ela. Aspiremos à elevação.

Não existem egos separados. Todo ego está midiatizado por outros egos e compartilhando  fantasias de prepotença, idealismos a atinguir num futuro ou miseráveis victimismos.

Quem não se ocupa de retomar o seu próprio comando, torna-se mesquinho e medroso, um conformista e manipulado escravo da ilusão da materialidade.

Assumo consciente o meu posto de comando interno, ponho ordem na minha nave e elevo-me.


























Etapa 7- Tomar- Alvaiázere. 

16- A Deturpação: 

história de Tomar fez-me sentir até que ponto uma religião ou uma ideologia podem estimular o entusiasmo de um povo, marcar-lhe um ideal e um destino, e levá-lo a atingir altos graus de cultura,  poder, riqueza, grandeza e até influência universal.

Também me tornou claro como esse mesmo poder pode deturpar completamente a mensagem essencial dessa religião ou ideologia,  até convertê-la num claro instrumento de estupidificação, de  submissão e de mediocridade  desse mesmo povo, bem como de todos aqueles povos que ele conseguiu influenciar e formar.

Começo a fazer uma análise profunda de quanto é coletivo e cultural na minha mentalidade, para arrancar dela todas as deturpações que a poluem e para tentar o resgate, a limpeza, a atualização e elevação dos seus valores essenciais mais sólidos e positivos. 



 





















Etapa 8- Alvaiázere- Alvorge 

17-  Escravidão:

Desperta, examina-te e liberta-te das forças involutivas que te estão a sugar as tuas energias

Sabes muito bem que estás metido na pior das cloacas. Tem dignidade, apoia-te no teu ser e sai dela.

Só poderás começar a limpar-te de toda essa sujieira com um auto-exame bem profundo e com um verdadeiro propósito de emenda.


Corto com qualquer discurso manipulado, quer do meu ego quer da normalidade que impera. Cotto com quanto me faça perder a lembrança do meu centro e do meu presente.

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RE-AJUSTANDO A ATITUDE:


Agora que já leva uns dias de caminho, reconsidere a sua atitude, se você quer ser, de verdade, um peregrino da autoconsciencia, e não um turista mais, fazendo de peregrino.

Entendo que trata-se de ir abandonando todas as minhas conceptualizaçoes prévias, tanto as aprendidas como as que eu mesmo fabriquei, a fim de chegar à inocência de quem é capaz de contemplar quanto vai aparecendo no meu caminho com os olhos puros de uma criança que descobre o mundo, sem ideias preconcebidas nem prejuiços sobre ele.

Quando vocè está demasiado cheio de ideias e crenças de calquera sesgo, está cheio de impureza, de sujieira, de coisas velhas, alheias e irreais,, de veus que lhe impedem perceber a realidade deste momento.


Continuo eu a caminhar unicamente sobre a superfície do Caminho e da Vida, ou começei a sentir as sua profundidade? 


Continuam ruminhando os meus egos o drama do que rodeei-me no meu último ciclo ou estou a atingir que a minha mente começe a acompanhar ao meu corpo na atenção plena e na descoberta deste novo ciclo que supõe a aventura da caminhada? 




Ao longo de toda a peregrinação em busca do des-velamento do meu ser, deverei reajustar com frequência a minha atitude, observando se os meus principais pensamentos e sentimentos estão enfocados na minha integração com o aqui e agora da minha viagem, ou naquelas ilusões do passado onde eu encontrava-me mergulhado antes de iniciá-la.

Como vai você descobrir algo novo no profundo de si, nem sequer ver a realidade do país que percorre, entanto permaneça entretido por todo o lixo conceitual e pelos impulsos dos instintos que orbitam todo o tempo em torno da superfície da sua mente?
















Só pensando e pensando, nunca vai chegar a conclusão nenhuma, porque você só é capaz de pensar contrastando dualidades, que são as formas artificiosas do mundo de ilusões em conflito do ego

A conclusão não pode vir de outra coisa que das certezas da unidade de tudo que se derivan da sua experiência cotidiana, se fundindo em contemplação  com o Caminho igual que com um amante, além da razão e das construções conceituais que chamamos egos.

SE REAJUSTE, COLOQUE-SE NA ARTE DE VIVER COM MAIUSCULA: VIVA COM TODA A SUA ENERGIA NO PRECIOSO PRESENTE, E NÃO SE PREOCUPE, NEM DO SEU PASSADO NEM DO POSSÍVEL SEGUINTE MOMENTO, QUE PODERÍA SER O DA SUA MORTE.


Etapa 9– Alvorge-Cernache.

18- Auto-exame:

A minha realidade prioritária está em conformidade com os únicos interesses que me importariam, se soubesse que apenas disponho de mais três horas de vida.

Todo o demais resulta-me desprecível agora mesmo.

Tiro todas as minhas máscaras e tudo quanto não é meu ou está a mais, e fico nu em frente do meu ser essencial, espelhando-me na sua luz.

Penso nas pessoas com as quais gostaria de compartilhar as minhas duas últimas horas sobre este planeta. Penso em que valeria a pena eu gastar essas horas… ou o resto do meu Caminho.

E concentro-me em me dedicar só a isso, desde já, durante três semanas seguidas.



























Etapa 10- Cernache- Coimbra.  Poucas horas de caminhada, para poder desfrutar à vontade da beleza de Coimbra.

 19 – Interiorização.

Reconfortado pelo desfrute desta cidade romântica, procuro nela um recanto onde estar tranquilo e recolho-me no silêncio.

Escuto com atenção as inspirações que me chegam do alto do meu ser, no meu centro, sem as deixar desfigurar pelas manipulações dos que acreditam serem od donos do sistema dominante, praticadas sobre as mentalidades que eles programaram, durante gerações, para condicionar os nossos egos automáticos.

Em mais parte nenhuma voltarei a ser um estrangeiro. No meu interior levo a qualquer lugar o lar da minha essência.
Etapa 11-  Coimbra -Sernadelo. Paciência, introspeção.

20- Serena Aceitação:
Cuido de retirar o foco da minha atenção do tumulto externo, assim como do meu automatismo, tão fácil de ser influenciado.

Ignoro a eterna insatisfação do ego. Paro, sinto e fundo-me com o que de verdade sou, para além da mente, no meu lar profundo.

A meditação é o tapete voador que à minha pátria real retorna-me.

Observo a personagem que represento na superfície sem a julgar, aceito o que há aí e tento comprender os seus medos e obsessões. Depois vou desatendendo-a na medida em que interiorizo.

ATENDO A ESSE CENTRO MAGNÉTICO QUE DESCUBRO NO MEU CORAÇÃO COMO MOTOR DA MINHA CONSCIÊNCIA, QUE SEMPRE ATRAI, ILUMINA, CONEXIONA, UNE.

Realizada a paz em mim, recebo com gosto as lições fortificantes da Vida Real, juntamente com a totalidade dos seus dons e benções.

Aceito, tomo nota, agradeço e reorganizo-me. Permaneço mais um pouco para me carregar de serenidade conectada, de espaço atemporal, da energia original.

Pronto. Já posso retornar ao tempo, à superfície, à estrada, e continuar com o jogo e com a função da personagem que escolhi.



 Etapa 12- Sernadelo-Águeda.
Esta etapa do Caminho e a seguinte são muito pouco atrativas, pois transcorrem entre polígonos industriais e o peregrino é perturbado por um trânsito muito barulhento, poluidor, difícil de suportar.

Os municípios ficariam a ganhar se criassem trilhas alternativas, e o farão. Entretanto, é uma boa oportunidade e prova, para o viajante cultivar a paciência e se concentrar  na peregrinação interior.

21- Reconhecimento:
  Sinto que as minhas energias de atenção estão dispersadas do seu centro. Faço agora mesmo uma paragem higiênica na minha mente, desatendendo o barulho do mundo que me rodéia.

Também vou desligar a minha rede digital de contactos e de influências habituais, durante as horas do dia que vou estabelecer, ao longo de toda a minha viagem, para poder estar muito mais presente nela.


Agora que estou a aprender a contemplar-me no Espelho Interior, posso compreender os meus conflitos na sua raiz, em vez de perder o tempo podando os seus galhos.





 22- SOBERANIA: Agora mesmo submeto o ego cego e confuso ao comando do meu eu mais elevado. Só desde ele tomarei decisões.

Eu estava dependente da mais infeliz das ilusões, cheio de culpa, raiva, medo, limitações, acorrentado à ânsia e depressão. 

Sentia-me separado e em luta contra tudo, angustiado por conflitos que era incapaz de resolver.

Toda a minha educação foi a doutrinação alienadora de um recurso humano que só programou-se  para o mercado e para que fosse mais um seguidor de alguma das ideologias que imperavam. 

Um peão dos seus conflitos, que deixoou-se enredar por vaidade ou por procurar o amparo do grupo.

Desligo-me agora mesmo da mídia. Paro de tomar partido, de debater e de queixar-me. 

Proponho-me desaprender, a fim de aprender de novo todo o que de verdade é o meu, com atenta consciência.

Começo por colocar-me no meu centro original e meditar. Desde aí, entrego meu ego e as poluções da minha mente à soberania do meu Eu no coração, para que a limpe, a corrija, a reorganize, e me inspire novos objetivos, a fim de me libertar, me elevar e iniciar um ciclo novo, que seja digno dele.



23- A Soberba: Cheio da minha própria vacuidade.

Sombra da Estação Maior SOBERANIA: reação de defensa de uma mente comandada por um ego consciente das suas limitações e, portanto, constrangida, temerosa, egoísta, não solidária, agressiva, inquisitorial  e opressora.

Para sair desta ditadura das emoções  manipuladas, só cabe  render a enfatuação do ego, incapaz de ser feliz, à soberania do eu, e corrigir a minha mente  a partir da sua conexão com a sabedoria da Fonte Original.

Estando a soberania do Ser que todos somos, alinhada de forma justa, ela sustenta e dignifica a soberania de cada povo livre, unido a outros conjuntos maiores, da mesma forma que sustenta e dignifica a soberania de cada indivíduo livre, dentro do conjunto do seu próprio povo.

É bobagem sonhar em libertar a outros, antes deter conseguido um grau razoável desoberanía sombre mim mesmo.



Etapa 13-Águeda -Albergaría-a-Velha.

Águeda é uma vila agradável e artística, e aproveito para purificar-me nela, antes de retornar à barulheira da estrada.

 24- Purificação: O que eu sou brilha em todo o seu poder quando se limpa de tudo quanto não era seu.

Amada Vida, que animas a minha consciência, não empreendi esta peregrinação para fazer turismo ou desporto. Empreendi-a para reencontrar em mim a tua essência e o meu sentido a construir.

Ajuda-me a tirar de mim tudo quanto me contamina, por favor, e tudo o que é falso, inútil, alheio, manipulado, vão ou supérfluo. Vacia-me de tudo o que esteja pesando demais na  bagagem da minha existencia.

Um indivíduo livre tenta viver em liberdade  junto com toda a sua comunidade local,  regional, nacional, do seu continente, do mundo... de todas as suas dimensões. O que está a poluir uma parte do mundo, polui o mundo.

Ninguém vive excluído da interação com os outros. O que somos, somo-lo juntos. Influímos para bem ou para mal. Ninguém é uma ilha.





 Etapa 14- Albergaría-a-Velha - São João da Madeira.

Alivie-se das áreas industriais e do trânsito pesado no lindo bairro velho de Bemposta, justo a meio da etapa.

 Concentre-se no seu lar interno como já sabe. Confie, esta viagem será todo um despertar.

 25- Chamo o despertar

Ás vezes, parece que entramos num longo túnel sem saída, escuro como um pesadelo. Porém, não há túnel sem saída, nem pesadelo sem amanhecer.

Recuperarei aquilo que de melhor o meu coração sonhou desde sempre. Ultréia, prossigamos.



  26- A RECEPTIVIDADE: Converto-me naquilo em que concentro a minha consciência.

A minha consciência é uma antena. Ela pode conectar altas ou baixas frequências de emissão. As mais baixas correspondem ao manipulado discurso coletivo, quer ao consenso do politicamente correto, quer à sua controlada dissidência, a que diz que recusa de jeito radical o consenso.

A maioria das mentes estão automaticamente conectadas pelos seus egos, em modo automático, a um combate maniqueísta que não descansa, sem nobreza nem triunfos construtivos.

Muitas menos mentes são receptivas às frequências mais altas, e apenas  em pouca parte do seu tempo, quando conseguem sair da agitação. 

São emissoras que falam em voz baixa, com a língua da intuição. Para se ouvir, precisam ser escutadas com concentração, na plena paz.

É fácil distinguir ao ego, sempre preocupado, separatista e competitivo, do fiel conselheiro interno, do eu, que só estimula ao amor, à união e à atenção.


  Ao Norte do Porto, o viajante terá deixado para trás as áreas industriais do centro de Portugal, que tão cansativo fizeram o Caminho Central até Santiago, a partir de Lisboa.

Confiamos que, no futuro, as associações e as câmaras consigam que se possa caminhar por gratas trilhas entre a Natureza e a Arte. Entretanto, não desanime e continue. O pior está a passar. Serviu para lhe fortalecer e conectar. Agora vem o melhor. Vamos nessa, peregrino.


27- O Bloqueio:

O ser humano atual vive em estresse por causa de demasiados estímulos, distrações, compromissos, exigências, concorrência, pressa... Quando tudo isso se acumula, o bloqueio da emoção e da mente acontece, assim como a hesitação, a dúvida paralisante, o perder o interesse, o sentido e o rumo.

Para sair do bloqueio, o Caminho tem um ensino fundamental:  PRATIQUE O EXERCÍCIO DA ATENÇÃO PLENA. Espada vermelha de Santiago cortando qualquer pensamento ou
sentimento que reconheço como egoico, enquanto gera-se e posso
comprendé-lo.



28-  A LEI: “Cada um merece o que sonha.”

É assim que funciona este universo da consciência no plano da mente. Você é quem cria a sua vida.

O seu caminho vai-se desenhando sobre aquilo que mais ocupa o seu pensamento. Quando você deixar de alimentá-la com a sua atenção, a sua construção mental dilui-se, tal como as ondas que um navío desenha durante um momento sobre a superfície do mar.

Tenha, pois, muito cuidado com a qualidade dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e das suas palavras, porque todos eles dão forma ao roteiro da sua realidade sobre o plano do seu sentir.

3ª Etapa: CAMINHO DO CORAÇÃO




29.  A Imaginação Descontrolada:
Escorregando no pior discurso.

Povo preocupado e estressado, povo dominado.

Cuidado com aqueles que lucram e ascendem ao poder fomentando divisões e conflitos. Eles tentam recrutar-nos como carne para canhão para as suas lutas, nos dirigir para onde lhes interessa, semeando raivas e medos, e enfrentar-nos. E só o povo é que paga caro.

Uma imaginação exagerada, viciada no sensacionalismo, julgadora, negativa, pessimista, atrai para a minha vida precisamente aquilo que mais temo. Eles sabem-no bem.

Assim que pratico manter a minha mente limpa, relaxada, em paz, construtiva e sempre alerta, com a minha espada da plena atenção cortando os pensamentos tóxicos.


Etapa 15-São João da Madeira- Grijó.

Não tente chegar ao Porto numa só jornada de 34 kms, esgotando-se demais. São João é uma cidade que se desenvolveu graças ao trabalho constante, bem organizado e bem feito. 

Abra-se à comunicação cordial com o povo, saúde,  pergunte, fale pouco,  escute muito com atenção plena, e encontrará importantes professores de vida nesta densa região industrial, entre gentes que, à primeira vista não o parecem. Nem necessita saber falar Português.

30- Os Meus Professores:

A minha própria experiência, assim como todas as pessoas de qualquer tipo que vou encontrando no caminho, quer sejam complexas ou simples, são os meus livros e mestres de vida, se prestar plena atenção.

A vida é para ser conhecida e não para se passar cego e surdo por ela, contabilizando quilómetros ocos.

  Etapa 16- Grijó- Porto, 19  kms. Desfrute dessa calçada e da entrada pela ponte.

Horror de ser sempre com vida a consciência! Horror de sentir a alma sempre a pensar! Arranca-me, ó vento; do chão da existência, de ser um lugar!    F.P.

31– Examino os meus pensamentos:

Tomo atenção à minha mente. Vejo que nem um só dos meus pensamentos ou sentimentos que divagando a atravessam, me pertencem. Eu não os originei.

Sou eu mesmo quem os escolhe já feitos- ou não-, já feitos, de entre as ondas do discurso coletivo. Fico alerta, elixo com cuidado. 

O pensamento elevado e verdadeiro não é, em geral, o mais propagado e aparente. Os manipuladores nos atraem  botando carniça aos nossos sentimentos mais baixos.




Etapa Sem Tempo. Porto. Esta é uma cidade variada e esplêndida. Posso parar e procurar o que nela há para mim. Sei que, honrando-a, serei honrado, como em toda a parte. Abro-me à comunicação e a aprender. Conhecendo-a sem pressas, eu mesmo me conhecerei.

32- Auto-lembrança:
"Tenho um relógio parado por onde sempre me guio. O relógio é emprestado E tem as horas a fio."    F.P.

Qualquer ponto do universo pode ser o seu centro. Em todas as cidades, em todos os lugares, há um centro desses. Em todas as pessoas e em mim também.

O centro de toda a mente é esse conceito indefinível e não comprovável ao que chamamos o Absoluto. O meu centro está sempre ligado e animado pelo Centro de todos os centros.




Etapa 17- I-C-Saindo de Porto.  Escolhendo Vilarinho ou bem Lambruge.  Você já se encontra no remoto território dos Cale ou Gale, que os romanos chamaran Galaécia ou Gallaecia, depois Galiza ou Galícia. Procure ler a História de Décimo Junio Bruto, O Galaico.
 Leia também a de Vimara Peres.

33- Realinhamento:
Reúno quanto de melhor há em mim e reajusto-me ao meu próprio rumo.

Que nenhuma das minhas forças deixe de saber quem sou, o que eu agora quero, aonde estou indo para consegui-lo, e de que possíveis jeitos penso que posso consegui-lo.

Quando o tiver claro, entrego-o à Vida, agradeço, volto a caminhar, confiando nela, e fico atento à crise-oportunidade que aparecer.



  34- A ESCOLHA:
Posso seguir a linha do menor esforço, ou enfrentar meus desafios e contradições.

Neste ponto do Caminho, a Vida oferece ao peregrino um fruto apetecível, fácil de tomar, ou uma espada afiada, que surge do fundo das águas.

Aquilo que você escolher, com o emocional ou o racional,  determinará e modificará totalmente o caráter do seu novo ciclo.
E não há, não, como deixar de escolher.

Não faz mal consultar a opinião daqueles em quem confias. Porém, que a reflexão e escolha final seja de tudo sua, tal como o é a sua responsabilidade. Uma vez escolheu, tire para a frente sem mirar atrás.

Muito cuidado com a manipulação. O que lhe convém não tem que ser sempre o que mais lhe compraz, nem as primeiras opções que se lhe ofertarão. A nossa realização depende das nossas escolhas.


35-Irresponsabilidade:
Ações ou omissões precipitadas, desinformadas e daninhas.
 Sombra da Estação Maior a ESCOLHA.

Se o medo, a raiva, a culpa, ou o julgamento, a dureza, o orgulho, o incómodo, a ignorância, as minhas decisões erradas ações precipitadas me levam a reagir mal e a causar dano... 

O melhor é parar imediatamente, reconsiderar, desculpar, compensar no que for possível.

Muito mais difícil é resolver quando eu mesmo fui prejudicado por não agir a tempo quando devia, nem salvaguardar os meus direitos e as minhas liberdades.



36 – O Peregrino :
Sei que sou o Caminho do meu Coração, a minha Verdade e a minha Vida. Sabê-lo, dá-me alegria.

O que caminhei até aqui foi puro treino. Até aqui, eu simplesmente buscava. Agora já é claro para mim aquilo que quero encontrar, conseguir e assumir.Também já estou a ficar um pouco mais forte e independente do que antes era.

 Os povos morrem quando vão ficando sem gente forte e livre, e são substituídos por outros. Os rebanhos de ovelhas medíocres e conformistas duram pouco sobre este mundo.

Corto de forma radical com toda a dispersão e apego ao passado; reavalio antes de iniciar o que quer que seja, deixo-me inspirar pelo meu eu interno, e centro-me depois na realização da minha nova perspectiva mental.


  37 - A Tentativa:
Enfrento com vigor os meus temores e conflitos internos, para converte-los nos meus poderes pessoais.

O Caminho da Vida é para espíritos guerreiros. Acontece de todo nele, e o final é sempre a morte do corpo, que é feito para ser usado e abandonado. O qual dá início a um novo ciclo.

Porque aquilo que na verdade eu sou, a consciência do Ator, continua a se-lo: ainda que mude de personagem, continua a representar outra peça, com outros companheiros e outras aparênças

Com todo, é claro que todos somos sempre os mesmos atores, jogando com o que unicamente existe, que é Todo O Ser.- A Consciência que em conjunto formamos.

Hora propícia para fazer um esforço, a fim de alcançar o maior grau de liberdade integral possível, e para poder construir o meu projeto pessoal de vida. Defino um caminho novo e melhor, com desapego, me decido e me lanço. 

A pior tentativa é aquela que nem sequer se iniciou. 



 
Avisando: No Caminho Interior ou Central, chega-se a Barcelos en dúas etapas.

 A 20 kms de Barcelos fica a cidade de Braga, a dos fermosos xardíns, noutro tempo capital de toda a Gallaécia.

É uma bela opção para aqueles que confíam na súa estrela-guia e que pensam que o Camiño pode ser algo mais que seguir as flechas amarelas estabelecidas, as que todo o mundo segue.

38- A CONFIANÇA

O universo, que é impersoal, comporta-se como se as suas forças fossem pessoais, quando eu assumo-as e até as invoco com fé.

Não vacilo em pedir a sua ajuda às forças da Vida. É evidente que a Vida é o único que em todo e em mim existe.


 Em caso de dúvida, escolherei sempre a Vida e não a nada. A Vida é Tudo e com todo pode. A nada é nada.


39- O Desespero:
 
"Abismo da noite, da chuva, do vento, mar torvo do caos que parece voltar, porque é que não entras no meu pensamento para ele morrer?" F.P.

Esquecendo o Poder do Amor da Vida que me conformou e mantém-me.

O desespero não é mais que uma das ilusões que a nossa mente pode escolher. No entanto, a mais negativa, deprimente e inútil.

Ela edificou-se sobre as lembranças do pior que nos aconteceu e sobre os nossos piores pensamentos e crenças, apagando o mais alto do que já realmente pensamos e vivemos e nossas melhores dádivas e sucessos.

A nossa fé no poder do nosso Ser é o que nos mantém o ânimo nos momentos de maior desespero. 

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DIFERENÇA ENTRE CONCIÊNCIA Y CONSCIÊNCIA: 

 

-CONCIÊNCIA,
palavra ligada à religião, lei moral do grupo e ideologia, é a melhor ou pior aprendizagem da prática social politicamente correta que a minha sociedade espera de mim, APÓS ADOUTRINARME E CONDICIONAR-ME, conforme aos interesses, conveniências e programas da sua classe e cultura  imperante.













CONSCIÊNCIA 
(com S de Spira, dos Saefes de Ophiussa, Filhos de Gal, das Serpentes ou Dragões Célticos de Sabedoria, Caminhantes ao Fim do Mundo),

 É CHEGAR A PERCEBER INTEGRALMENTE QUAL É A MANEIRA DO MEU SER SER ELE MESMO, OU EU MESMO, OU TODOS NÓS MESMOS, TODAS E CADA UMA DAS SUAS MANIFESTAÇÕES, DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL. 





 Etapa 18 I, Caminho Interior ou Central, Vilarinho-Barcelos.
Abrir-se  totalmente à  Natureza.

Toda esta viajem, a partir de agora e até o final, vai pela mágica Gallaécia, o antigo país dos Celtas Galaicos, que, já romanizados, tiveram a sua capital em Braga, como também depois os Suevos.

O escudo da Galiza está presidido por um Graal, símbolo de receptividade à conexão.


40- A Conexão:

Não tenho como provar  quem eu sou, de onde venho e qual é o meu destino, mas sei que, aberto à Vida, ela sempre enche-me de si mesma, e das suas dádivas, tal como um cálice.


  Etapa 18-C- São Tiago de Labruge- Vila do Conde- Póvoa de Varzim.
Iniciando o Caminho da Costa no castro de São Paio.
Paio, Pelaio, Pelágio, Pélago, um nome ancestral do mar. Os castrejos, antepassados dos atlânticos do noroeste ibérico, gravaram labirintos evolutivos sobre as rochas.

41- O Labirinto: Abra bem os olhos: a Vida vai-lhe colocar em prova ante os seus. 

As provas são sempre para crescer. Sinto-me conectado com o meu ser coletivo melhor. 

Invoco aos espíritos de todos os meus antepassados, dos sábios e dos bravos.

 Peço a sua força, intuição e proteção dentro de mim, agradeço por todo o recebido deles e ofereço à toda  minha linhagem a ampliação da minha consciência, a que procuro nesta peregrinação.

Nenhuma energia é restringida a uma soa onda, todos conformamos amplos feixes conectados.



  42- A CORAGEM:
Eu sou a força que me impulsiona a co-criar o meu próprio destino.

Esta força não é só a do meu corpo frágil e medroso, nem a da minha mente limitada.

 Sei que ela é a própria força deste planeta e da minha espécie, e até da mesma Vida do Cosmos, manifestando-se, sentindo, expressando-se e conhecendo-se, através de mais um dos seus múltiplos avatares, animados pela sua vontade, neste plano da sua consciência, que todos os planos abrange.

Eu sei que sou essa força poderosa e indestrutível, e que sempre o serei, não importa em que efêmeros contentores esteja a agir a a consciência da Vida, sobre as linhas de tempo deste plano, ou de outros.

4ª ETAPA: A ESCOLA DA NAI. Desenvolvendo a sensibilidade do Feminino Interno.


  43- O Medo:
Sombra da Estação Maior A CORAGEM.
O fantasma do ego que nos bloquéia é bem  ilusório e insustentável.

O medo é uma emoção necessária, ótima para que cuidemos da sobrevivência do nosso corpo, tão importante como a prudência, na hora de cuidar dos nossos assuntos.

O problema surge quando nos identificamos demasiado com o nosso corpo, com o discurso dominante na alineação do nosso entorno, e com a mentalidade materialista dos egos.

Então, o medo da matéria a ser ferida bloqueia a correta tomada de decisões sobre a nossa vocação, a ética e  a honra. 

Isto é, sobre as aspirações fundamentais do nosso eu real, que nada real pode temer ou perder.

Qualquer decisão tomada com medo, pressa, ânsia, preocupação ou precipitação é ruim. Me acalmo antes.

Averigue o que você é na verdade, firme-se  com força nisso e viva-o  na paz.  A vida é para ser usada.

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PARA PODER ESCOLHER ANTES DE CHEGAR EM GALIZA

Todo o Caminho até aqui, foi preparação do corpo e do caráter, agora é que começamos preparar a transformação da mentalidade: 

Só para encontradores por livre, os que já estão deixando de buscar sob os ditados do ego pessoal e coletivo.


Pelo contrário, estão aprendendo a deixar-se inspirar pela sua guia interior. 

...Porque compreenderam que a própria mente é o diretor de orquestra, ator e autor de todos os cenários possíveis,  para representar todas as circunstancias de cada um.

A mente é mecánica e, tal como um sistema operativo, tem os seus protocolos. Entanto a sua vontade criadora estiver no buscar fora, não estará precipitando o encontrar dentro.

Aviso: A maioria das cartas que ilustram estes textos complementares formam parte de um outro trabalho do mesmo autor sobre o Caminho Francés à Santiago, as Cartas-Guia para os Peregrinos do Caminho das Estrelas. https://www.facebook.com/Cartas-Guia-para-os-Peregrinos-do-Caminho-das-Estrelas-502611609924232/

A RECICLAGEM do seu caminhar prévio e o descobrimento da sua VIBRAÇAO-SÍNTESE (que é a parte mais importante na peregrinação do auto-encontro) PODE FAZER-SE EM QUALQUER LUGAR, PORÉM, O QUE RECOMENDAMOS es fazê-la, nao no agitado e superficial caminho das multidoes, mas no recogimento de uma (ou de várias) das remotas praias da Costa da Morte e da Vida... 

 


  ...TAIS COMO AS DOS EXTREMOS DOS CABOS DAS RÍAS GALEGAS, ENTRE A DE VIGO E A DE FINISTERRE. 

Será excelente se, desde lá, o peregrino pudesse avistar as remotas ILHAS ATLÂNTICAS, tal como avistam-se, por exemplo, desde o Cabo do Home o desde o Facho de Donón, lugar ancestral de oferendas. Deve fazer-se a reciclagem nas horas em que as praias se encontrem-se mais tranquilas e solitárias.
 

TODO MUNDO FAZ UMA RECICLAGEM DA SUA VIDA, PRECISAMENTE ANTES DE MORRER.

As pessoas que voltaram de uma experiência de quase-morte contam como, num instante, se vê o filme da vida inteira da pessoa que está a morrer.

A pessoa visualiza, mais bem, os seus momentos de mais intensa aprendizagem, tanto no prazer como na dor, aqueles momentos que a impulsionaram  para um novo degrau superior de consciência...  

São muitos os que sentiram  lembranças e intuições de outras vidas e experiências  pelas que já passaram, que ficaram  no disco duro da mente dos seus gens.

 O Anjo-Águia, na noite. Escultura de Manuel Castelin construida no Retiro Despertar, São Thomé das Letras, Brasil 2014, em ferrocemento, 2 m. de altura.

 ...O daí acima vem dizer que a única coisa que levamos para o outro lado, a única coisa que tem valor, é a colheita pessoal que fazemos desses momentos de intensa evolução. VIDA com maiúscula. 

O resto da nossa vida com minúscula (na qual tanto tempo e esforço investimos), dilui-se como fumaça logo depois de acontecer... nem fica registrada. Nada mais são do que memórias obsoletas. 


 Parece lógico que devamos analisar com consciência as memórias do antigo ciclo, para extrair uma aprendizagem, antes de iniciarmos um novo ciclo.

SE A POSSIBILIDADE DA RECICLAGEM do seu caminhar prévio e o descobrimento da sua VIBRAÇAO-SÍNTESE ressoaram com você, pode ler la página FIN DO MUNDO, CLICANDO AQUI, 
entanto que continúa caminhando as etapas que lhe levam à Galiza.



Etapa 19-I-Barcelos-Ponte de Lima. Leia sobre a independência do Condado de Portocale

44- Trabalho com Amor:
Assim como a fruteira dá frutos, assim também eu quero realizar-me.

A minha família e o meu trabalho criam sentido principal para a maior parte do tempo da minha vida. Um trabalho e uma família sem amor nem criatividade, equivalem a uma vida sem sentido.

Dar um sentido firme à sua própria vida é assunto exclusivamente seu, da sua imaginação, do seu saber fazer e das suas decisões.

Muito fruto quero eu dar. E com prazer. Renuncio a perder o meu precioso tempo de vida com trabalhos e com pessoas que não sirvam para me realizar.


Etapa 19 C- Póvoa de Varzim- Aguçadoura-Apúlia -Fao-Esposende- Marinhas.  Somos os povos que ousaram  enfrentar o Pélago, até que aprendimos a fazer dele o nosso veículo de projeção universal.


45- Cooperação:


Todos os dons da Vida passam por nosso intermédio, quando junto-me aos generosos para regar de bênçãos o planeta.

Não há nada mais belo do que um grupo de seres humanos trabalhando juntos, sem ter como objetivo  nem lucro nem vaidade, nem promoção política, unidos pela necessidade de contribuir para o bem de todos.

Seja digno dos seus ascendentes, doando o seu grão de areia de esforço, para  ajudar a melhorar a tua comunidade, o teu país, o teu povo, a tua família, o teu planeta e a tua própria descendência.

A nossa Identidade Real é o Tudo. Todos temos muitas sub-identidades com as quais estamos interligados à vez. Não têm porque renunciar a nenhuma delas, se você é consciênte de que são apenas as roupagens do seu ser.

Etapa 20 I- Ponte de Lima- Subida à Serra da Labruja- Rubiães.

46- A Simplicidade:
Esvaziado de importância, cá vou eu, ascendendo discreto e levezinho como um balão.

Neste mundo de aventura, sempre pode haver algum perigo emboscado, espreitando. Perante um momento delicado, não há nada como manter um baixo perfil, sem reagir ou exteriorizar qualquer julgamento.


Ficando calado, vou investigar com seriedade, elaborar as minhas conclusões e estratêgias e aguardar sem pressa nenhuma o momento mais oportuno para as exteriorizar.

Entretanto, curto o exercício de fazer como se eu nem existisse neste mundo.
Etapa 20 C –Marinhas-Viana do Castelo. Esta é uma jornada pelas belezas do Interior. O  Funicular  leva-lhe até ao Monte de Santa Luzia. Não perder, em Agosto, a Romaria de Nossa Senhora da Agonia.

47- Fraternidade:
Amar-me e cuidar-me inclui manter uma relação o mais harmoniosa possível com todas as outras manifestações da Vida  que eu também sou.


O COMPOENTE PRINCIPAL DO AMOR É O RESPEITO. RESPEITO É CONSIDERAR QUE EU SOU UM FILHO DO CRIADOR À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA EM ESSÈNCIA, AINDA QUE ENVOLTO NOS CONDICIONANTES E LIMITAÇÕES PRÓPRIOS DESTE PLANO DENSO DE MANIFESTAÇÃO.

RESPEITO É CONSIDERAR QUE EXATAMENTE O MESMO ESTÁ ACONTECENDO COM O CONJUNTO DOS MEUS IRMÃOS DE CRIAÇÃO E COM CADA UM DELES. Harmonia é  manter uma relação equilibrada de paz, concordia, aceptação e adaptação flexível entre essas diferenças que enriquecem a variedade da Vida.


APRENDER A DESFRUTAR DO FOGO DE CADA CHAMA DE CRIAÇÃO SEM QUEIMAR-SE.

Hoje sabemos que é uma ínfima quantidade de material genético o que me dá a aparência de um indivíduo único. As discriminações dos racistas têm-se revelado ridículas. Também não existe maior diferenciação genética entre os seres humanos e os outros seres vivos.



  ULTREIA, PEREGRINO: você está quase a chegar a Galícia, tanto pelo Caminho Central, como pelo da Costa.
 Já tudo cheira a Galícia. Cheiro de verde e de mar. Sons de gaitas-de-fole no vento.

Eultreia! Euseia! Vamos em frente! É o Eu que nos guia!


48-  ENTUSIASMO:
O que há de mais elevado em mim alastrando no meu interior.

En-theou-asthma, Entusiasmo, a chama de Zeus cá dentro. Entusiasmo significava, para os antigos Gregos, os mestres do Ocidente, o estado de exaltação do espírito de quem recebe o raio da intuição do Eu Maior, o insight, a inspiração dos poetas e dos profetas no coraçao atento.

Não era senão isto o que procuravam os antigos peregrinos do auto-encontro, na sua viagem de homens e mulheres de conhecimento  até ao Fim do Mundo. ULTREIA, PEREGRINO!
49- A Apatia:

"Dissolve em areia esta minha amargura, meu tédio profundo." F.P.

Bloqueio perante a Mudança oportuna e necessária.
Sombra da Estação Maior, O ENTUSIASMO.
Apagamento. Estagnação. Talvez cobardia.

Nada é mais poderoso do que o impulso da Vida para se transformar continuamente, para se renovar e crescer através de destruições e de reconstruções das formas e conceitos em que se envolve, os quais usa e descarta.

A vida é agora mesmo. Nao deixe nada importante para amanhá, que pode nao chegar. As coisas, já. Dar o paso, seguir o coraçao, servir no mundo.

Qualquer fracasso ou frustração converte-se, se eu tiver sentido crítico, numa niva aprendizagem em consciência para atingir as minhas alturas.

Pouco tempo podem durar os nãos e os estorvos. Coragem. Tome a sua decisão. Arranque... para não ser empurrado pela Vida.




Etapa 21 – I – Rubiães – Valença do Minho. A Galiza Portuguesa. 
Curtir uma boa sintonía com a Natureza. Cuidado para não cair no CAMINHO DA LEBRE.

Um peregrino saiu de Lisboa. No primeiro dia conseguiu fazer trinta kilómetros; no segundo dia, trinta e cinco kilómetros; no terceiro , deixou de ver todas as caras que tinha conhecido antes, no Caminho. 

Cada dia superava o seu recorde. Chegando ao albergue, não falava com ninguém, exceto acerca de marcas, e só queria dormir. Era sempre o primeiro a sair para derrotar os seus competidores e para encontrar livre o melhor leito do albergue de fim de etapa.

Quase a chegar a Espanha, viu um grande cartaz escrito com tinta vermelha, sobre um muro em Valença: AONDE VAI, MINHA LEBRE, CORRENDO TANTO? O ÚNICO LUGAR AO QUAL TEM DE CHEGAR É AO MAIS PROFUNDO DE SI MESMO…

50 – Sintonia: Se ponho atenção e arte em alimentar, com as melhores ondas da minha mente e sentimento, ás Forças da Vida que me rodeiam, também sinto-me por Elas alimentado, com todas as suas benções.

Sei que, ao emitir, já estou recebendo do Todo Um. Emito excelência,
e aprendo a receber e agradezer.


Etapa 21 C, Viana do Castelo-Caminha.

51- A Harmonia:
Danço com ao compasso das Melodias da Vida. Decido desde o mais elevado de mim, tomo consciência de como vibrei quando deixei-me fluir com amor e criatividade desde o coração.

Desfruto das relações e dos cenários que a Vida cria para aprender a viver nela com equilíbrio, bom fazer e concordancia: o individual, a família, a tribo, a comunidade, a nação... 

Estou a receber deles, multiplicada, a harmonia, melhor ou menor proporcionada, que semeei nessos campos no meu caminhar. Nao há arte nem núsica como os das relaçoes humanas. Nem escola.

Podemos nos identificar com toda clase de entidades: homem, mulher e as suas variantes, a família, o grupo social, e as suas organizações.

Elas podem ajudar quando atravessamos momentos de fraqueza, necessidade ou velhice, mas é bem mellor que confies na retribuição agradecida da proteção e dos cuidados que pródigaste antes, por amor, a pessoas com nome e sentimentos. 



  52- O FOGO INTERIOR:
"Só quero tornar a minha vida grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo  (e a minha alma) a lenha desse fogo." F.P.

Aprendi que, enfrentando as minhas contradições, impulsiono a minha mentalidade para um grau superior de evolução.

O sentido da minha vida e uma construção minha, ao gosto do artista. 

Existem todas as espécies de artistas, de obras e de sentidos. As melhores construções têm sempre algum conflito para enfrentar e vencer.  

No contraste entre energias fortes, entanto mais intensas as diferenças, melhores histórias e sentido dão.Sinto-me vivo entanto que ainda sou capaz de me surpreender e admirar.

Avive esse fogo sem medo, com olho; com segura tranquilidade. Nao me reprimo de tocar, acariciar, abraçar, se é desde o Eu, que é o Amor e o Respeito Mesmo.
Viva a Arte da Vida.


  53- A Sensualidade: Prazer colado à terra.
Sombra da Estação Maior, O FOGO INTERIOR.

Procuro elevar a qualidade integral da minha energia mais básica.

A nossa energia mais poderosa chama-se amor, tem a sua raiz no lodo e no sangue, mas floresce na luz.

O cavaleiro da luz não mata o dragão. O dragão é a sua força maior, ainda que bruta. Ele não o mata, mas submete-o à sua vontade mais alta. 

É assim que o Eu converte o dragão do ego no cavalo alado que o tira do lodo e o eleva ao céu. A Vida é capaz de fazer a melhor arte usando alternadamente qualquer tipo de energias.

Deixo-me fluir sem medo no que o meu coração sente que tenho que passar.
Esta fortaleza fronteiriza foi alçada para defender a soberania e a independência deste povo. Hoje é uma ponte, um portal e um lugar de acolhimento para viajantes e peregrinos de todas as nações. É excelente conseguir ser, ao mesmo tempo, aberto e soberano. 

54- A Criatividade: 
“…Necessário é criar.”   Fernando Pessoa 

As minhas virtudes, liberdades, dons e prazeres, tanto como os meus defeitos, asperezas e dores, são os elementos criativos da minha história.

Não deixo de usar nenhuma das cores, nem o branco nem o preto, para  pintar a obra da minha vida e o seu pessoal sentido. Aceito, tal como elas são, as circunstâncias que deram forma a esta condição humana, ao caráter da minha linhagem, do meu povo e do meu próprio caráter.

Renûncio a julgar o passado com presentismo, isto é, com a minha mentalidade presente. Qualquer preconceito é injusto e indigno perante a complexidade e a necessidade criativa que nos converteu em justo isto que hoje somos, o qual eu agradeço e honro.

AVISO GRAFITADO NUM MURO DE VALENÇA, ANTES DE CRUZAR A PONTE INTERNACIONAL: “JÁ SABES ONDE ACABA TODO CAMINHO NA VIDA, NAO TENHAS PRESSA POR CHEGAR AO FINAL. VIVE CADA ETAPA COMO SE FOSSE A ÚLTIMA”.      



 Etapa 22 – C – Caminha – Cruzar o Rio Minho- Monte Santa Tegra –  A Guarda.

Os nobres galegos da aguerrida fronteira a Sul do rio Minho escolheram fazer forte um condado que depois tornaram  independente, e ousaram proclamar, ademais, o reino de Portugal, e mantê-lo.

Os nobres galegos a Norte do rio Minho escolheram a união com os leoneses e com os castelhanos, e acabaram por criar as Espanhas, juntamente com Aragão
... Da mesma forma que poderiam tê-las criado juntamente com Portugal. 

...Porque trata-se da mesma paissagem, da mesma cultura, já desde a pré-história, e da mesma gente. Desfrute da subida ao alto do monte Santa Tegra, e ao castro dos antigos Galaicos. 

Os filhos de Gal do norte e do sul  decidiram, com intuição e com coragem, seguir os seus próprios e diferentes destinos pelo mundo, tão apelativo quanto ignoto.

55- Percepção Intuitiva:

Esvaziado de ansiedades, desejos e fantasias do ego, tão dividido como  divisionista, converto-me num canal de ressonância dos arquétipos que dirigem a evolução de tudo a partir da matriz do meu ser, para me decidir a criar o meu próprio destino, da melhor maneira possível.

GAL podería significar a Vida, intuem alguns, ou a Terra, tal como Gáia, a Mãe Terra, que talvez é também a MãMar e a Mãe Galáxia, o Oceano de Estrelas onde originou-se a Vida. 

Em Galiza ou Galícia falam-se Espanhol Oficial (Hispano Universal procedente da  língua de Castela), e o Galego, que 
é um resgate do Galaico-Português medieval, no que os eruditos tentaram conservar os variados localismos usados pelo povo em cada província, juntándo-os num híbrido de Português com Espanhol. 

Pode considerar-se, na prática, o verdadeiro Portunhol Académico, un inicio, normalizado por decreto, de língua-ponte entre os dois idiomas universais de origens ibéricos, que tem uma sonoridade aberta, maior que a Brasileira, cantando inicios e finais, en ondas que vêm e vâo.

(AS SEGUINTES ESTAÇÕES DO CAMINHO IRÃO SE COLOCANDO NA PÁGINA DE ETAPAS EM ESPANHA. CLICK AQUI).


Recomenda-se não passar a elas antes de ter lido a página FIM DO MUNDO, CLICK AQUÍ.  


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